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sábado, 10 de dezembro de 2011

Não existe tempo certo...


"Suspiros, hoje é meu último dia
Estou indo embora com a mesma ânsia
Estou envergonhada, calada, magoada
Estou partindo e deixando algumas coisas
Na minha mala não cabe mais livros pesados

Não vou dizer adeus para ninguém
Já me machuquei o suficiente
Despedidas sempre me cortam
E já não tenho sangue suficiente
Estou prendendo minha respiração

Eu partir não significa que não me importo
Não significa que não criei uma história
Partir, significa escolher um caminho
Preciso estar completa de mim mesma
Preciso de novos roteiros, novos filmes

Muitos cheiros já foram traduzidos
E perderam todo o seu encanto
Não existe mais espaço para meu eu
Não existem mais fórmulas perdidas por aqui
Meu eu foi saboreado e degustado

Estou partindo sem rastros, sem volta
Estou deixando meu pijama no quarto
Preciso de novos odores, novas queixas
Preciso me libertar das indiferenças
Estou indo com uma nova bagagem

Mudei para nunca mais ser a mesma
Mudei para poder amar a vida
Estou indo embora viver, reviver
Estou deixando talvez a melhor parte de mim
Estou deixando minha felicidade escrita."

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Desde que inundou o meu ser


"É estremecedora a sensação única que me faz sentir
Se fecho meus olhos, renuncio as minhas dificuldades
Não posso mais administrar minha vida sem Ti
Então me guie, me oriente, me salve
Segure a minha mão e me afaste de todo o mal

Deus tu és tão grandioso,
Cuida do meu espírito, cuida de mim
Senhor enche minha vida de alegria
Escute os clamores do meu coração
Me explique que o seu tempo é a minha razão

Me oriente dos caminhos tortos
Me aprove caminhos com lâmpadas
Me guie na sua paz, na sua luz
A minha paz é sua, é sua
Abro-te minhas mãos e Tu me conduz

Retire as setas do meu caminho
Eu continuo a adorar-Te, a amar-Te
Senhor tu és a razão do meu existir
Tu és a minha fonte de sabedoria
E eu te espero, e continuo a Te servir."

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Falhas


"Mais uma vez estou aqui, me julgando, me contradizendo
Refletindo nas minhas promessas falhadas e não cumpridas
Estou aqui mais uma vez deitada na cama a pensar em ti
Te desejando, te planejando, te desenhando, te moldando
Mais uma vez estou me desmanchando em lençóis surrados

E todas as vezes em que jurei não derramar mais lagrimas
Eu tinha prometido a mim mesma me amar mais que a você
Eu tinha jurado a mim mesma que não iria mais me importar
Eu tinha prometido que deixaria todas as esperanças morrerem
Eu tinha jurado a mim que iria te esquecer em todas as manhas

Não sei quão apertado e sutil é o seu abraço
Não sei qual o gosto do seu beijo
Não sei qual o toque das suas mãos
Não sei qual cheiro tem seu pescoço
Não sei como é te poder sentir

Estou mais uma vez a imaginar os meus desejos
Estou mais uma vez perdida dentro de mim mesma
Estou mais uma vez esquecendo das minhas promessas
Estou mais uma vez errando ao continuar apaixonada
Estou mais uma vez não pensando em mim

História sem construção, sem perspectiva
História sem protagonista, sem platéia
História escrita com um monólogo
História sem base concreta
História que nunca existiu

Estou tentando criar coragem pra rasgar algumas paginas
Estou tentando entender que preciso te apagar
Estou tentando imaginar outro personagem no seu lugar
Estou tentando aguçar minha imaginação pra me tornar livre
Estou tentando voar sem suas asas

A quem foi por um bom tempo meu anjo
Eu digo que preciso te deixar partir
Preciso me libertar do seu sorriso
Preciso descobrir aonde eu encontro minhas próprias penas
Preciso construir minha própria asa

Quero voar sem meus pés no chão, sem seus pés
Quero sentir o vento tocar minha pele
Quero sorrir para quem me faz bem
Quero anjos que possam sorrir de volta para mim
Quero anjos que sejam reais."

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Anjo...


"É estúpido você dizer que sente falta de alguém
As pessoas não deveriam se importar com o além
É inaceitável sentir falta de olhos ofuscados e confusos
É constrangedor perceber qualquer indiferença
De repente você descobre que paixões sempre surgem

Que o holocausto foi permitido e muito então presenciado
Feche as portas do seu mundo pequeno e perfeito
Foram tantas linhas jogadas no tempo, desperdiçadas
Tantas noites mal dormidas e desamparadas
Ressurja do meio desse nada e voe com suas asas quebradas

Sabemos que anjos existem em quase todas as esquinas
E eu sei que em algum momento encontrarei algum que me cuide
Era tanta intimidade e agora as palavras foram embora
Quero então, descuidar de mim, me perder, me sentir
Para que um anjo me cuide, me ache, me sinta

Pesares em contra tempos desvinculados de um eu objetivo
E ofensivamente arrasto os chafarizes para perto de mim
Em um dos alicerces redefinidos me abasteço de vinho
As tempestades não são mais baseadas em virtudes
Todos os tabus foram quebrados no holocausto

Abra sua intimidade para o mundo não te engolir
Esqueça das risadas, dos olhares, dos abraços
Quem te sente não te faz chorar nenhum dia
Não perca seu tempo procurando declarações
As plenitudes estão longe de serem arquitetadas


Procure alguém que te cubra ao cair no sono
Alguém que alise seu cabelo apenas por estar exausta
Alguém que te proteja, que te faça sorrir
Alguém que diga sobre o seu cheiro ao amanhecer
Alguém que simplesmente possa te chamar de companheira.”

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Libertinagem



"E ser você não é um tributo reciclado
Não ter medo de olhar ao espelho nu
Aplaudir aquela velha ironia aplicada
Sentir o poder do ódio e do amor
Ser você e de repente apenas você

Descobrir as suas enormes dores
Mas também todos os seus pudores
Se libertar de qualquer regra
Balançar seus quadris por apenas reflexo
Exaltar sua própria libertinagem

Ser livre, ser indiferente, se permitir
Apenas viver se amando por inteira
Sem dispensar os defeitos maiores
Sorrir gradativamente
Tomar banho de chuva e tocá-la

Se tocar, se amar, sem punição
As fontes são derivadas de conquistas superficiais
E nós somos os únicos concretos e inteiros
Então permita-se sentir, tocar, viver, amar, odiar
Permita-se apenas ser você."

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Busque-se...


"Partindo em direção a morte, extasiada
Soluçando os passos mal feitos e mal construídos
Poças não me permitem andar sobre as curvas
Os atalhos estão intocáveis pelo caminho
Então sou obrigada a ver o seu sol brilhar longe de mim

As dores que se resumem a versos incompetentes
Guardo o meu segredo não planejado
Afundo as pedras para que ninguém veja as provas
Eu poderia me fazer, poderia tentar ser
Colocar uma máscara e fingir, esse é meu dom

Mas não dessa vez, não hoje, não agora
Dessa vez eu fico, não temo, luto
E ainda coloco no chão as minhas armas
Lavo meus olhos e enfrento a dor completamente nua
Os arames me cortam e eu continuo sorrindo

Meus pesares vão muito além de tudo isso
Pessoas boas não te magoam, não te humilham
Pessoas boas te fazem carinho com os cílios
E dessa vez a minha força será enrijecida
E eu ainda irei te perdoar

Me torno hermética dentro do meu próprio guarda-roupa
Visto algumas peças de roupas para me esconder
Cores vibrantes, listras confusas
Esse é o meu melhor
De tudo é uma aprendizagem

Ninguém é capaz de cortar meus pulsos e sair correndo
Estou aqui, segurando minha garganta, gritando
Meus pedidos de socorro foram escutados
E tão distante me vejo da dor, de você
E isso é a minha libertação, minha vitória.

Meus medos de hoje são minhas coragens de amanhã
E tão pouco esse amanhã vive no meu presente
Te entrego meu passado embrulhado em uma caixa
Onde foi deixada nas poças das curvas por onde andei
Eu encontrei meu atalho, me reencontrei, imensamente."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O velho tempo do relógio...

"São tantos gostos misturados na minha boca
E eu já perdi todas as linhas de trem de hoje
Estou me mantendo nesse ritmo, sem exatidão
Me fechando, me permitindo ser intocável
Oscilando as resenhas desenhadas na minha janela

Hoje o sol brilhou de uma maneira diferente
O mesmo que me preenchia de ternura
Me definia com severos descontentamentos
Fechei os olhos e voei para bem longe daqui
De repente os baldes estavam virados no chão

Toda a água havia secado e já existiam mais motivos
Tudo tinha se esgotado e minha garganta tão calma
Um rosto sereno e interpretado com amarguras
Uma rocha havia se lapidado diante de mim
Minhas mãos já estavam frias

O adeus tinha sido sempre doloroso
Mas então eu estava completa por reticências
Alguns amores não podem nunca serem escritos
As paginas em branco refletem no espelho
Uma sensação de conflitos e transparências

Então mais uma vez conversei com Deus
E permiti que você fosse embora
Escondida, solucei com medo, escorregando
Tentando segurar sua mão
Eu te deixei livre para eu poder ser feliz.

Mesmo que eu fracasse, já era perigoso
Não podia lhe oferecer mais do que amor
Seu jeito angelical me fazia sentir incapaz
Talvez eu só seja um pouco mais do que o seu oposto
A felicidade ainda me procura em algum lugar

Te deixo livre para conhecer o seu mundo
Para desconcertar o meu mundo
Não tenho mais medo, superei
Te deixo livre para que sinta minha falta
E que na sua velhice se lembre de mim com carinho."

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Baseada na sua história de amor mal contada...



"Sabendo que experiências em varais são desapercebidas
Me rastejo sobre minhas próprias ambições desfechadas
Não aparento dor, não aparento sinais de destruição
Estou me recompondo do meu próprio eu reforçado
Detestando todos os tipos de gente que ainda posso suportar

Estou gostando mais de mim antes dos outros
Suportando a dor de uma metamorfose enlouquecida
Farejando rastros de gente podre na multidão
Me desigualando da normalidade combatida em faróis
Muitas luzes estão desgastadas e envelhecidas

Como se não bastasse a minha própria podridão
Ainda ter de aturar o mal cheiro dos outros
Não brinco com olhares secos e tão firmes
Não estou me escondendo de mim mesma
Nunca entrei em um jogo para perder

As roupas estão rasgadas e as folhas secas
As vitrines estão cheias de carne estragada
Os insetos estão comendo os restos do seu corpo
Não chore mais por uma alma mal intencionada
Eu amo simplesmente por poder amar

Se não pretende me tocar, então não me toque
Não sorria para mim com ar de ironia
A vida é realmente um obstáculo dos leigos
Aqui se promete, aqui se cumpre, sem piedade
Então não queira me comer, pois estou viva.

Agora não se lamente mais pelo passado
As oportunidades foram lançadas na mesa
As facas já estão sendo usadas
E a mesmice me cansou de uma maneira transformadora
Hoje eu sou tudo o que você não quer que eu seja

Não chore meu querido, seria em vão
Minhas lagrimas de secaram e eu decidi lavar as roupas sujas
Os insetos estão bem longe de mim
Os cheiros estão unificados e tão perceptíveis
Seus olhos não me enchem mais de vanglorias

Se despeça nessa manha do que nunca soube dar
Se antes sentia, agora eu não sinto mais
Meus pesadelos passaram e eles se tornaram seus
Pois é meu bem, quem disse que o mundo é justo?
Eu faço a minha própria justiça."
                                  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A ti...


"As vezes algumas palavras doem mais
As vezes os gestos se perdem com o tempo
As vezes nos esquecemos de esquecer o que nos machuca
As vezes choramos em silêncio com a ansiedade de uma resposta

Precisamos do tempo para aprender a renunciar
Precisamos de vitórias que se manifestem diante de nós
Precisamos nos esquecer de qualquer dor que esteja perdida
Precisamos de coragem para enfrentar todos os nossos medos

Adquirimos todos os tipos de sabedoria, mas nunca é essencial
O Definitivo de alguma maneira toca o nosso coração
A exatidão preenche um imenso espaço vazio
E as minhas forças se estendem diante dos meus passos

Hoje me sinto demasiadamente sozinha, sem conquistas
Pudera eu arrancar todas as más recordações do meu coração
Seria mais vítima de mim mesma
Sinto muito sentir

Me enche de alguma maneira com uma luz incandescente
Sem palavras remoídas
Sem destino complicado
Petrifico no meu reino, então eu me entrego a ti."

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Despedida




"Eu te segui em meio de um espartilho gigante
Soltei aos ares e me referi como terapeuta
Você desceu e me beijou por inteira
Arrombou meu coração dizendo que era o fim

Assustada e indecentemente ferida
Larguei os vasos neutros e me desfiz
Pequei na capela aonde revivi
Com personagens e luzes incandescentes

Me fiz assim, nova,  absoluta, autista
Precisava respirar o novo sentido da palavra
Se era o medo que me preenchia
Então busquei respostas no lixo do meu enterro

Saltitei pensante sobre as histórias do naufrágio
Relutei e desenhei minha mão nos seus olhos
Era escuro, vermelho e preto
Era apenas eu me sentindo sua

Fechei meus cílios e soei
Te queria em algum formoso teto estrelado
De repente me vi enfraquecida e esquecida
Cheia de esperanças mutiladas

Então reergui e me reinventei
Era uma nova personagem fugindo de qualquer uma que já fui
Era santa, guerreira e apaixonada
Era qualquer coisa menos eu

As vezes me sentia perdida diante de fuzilamentos
Guerras e bombas estourando no meu ouvido
Era traduzido como um paradeiro obcecado
Os seus rastros eram indiferentes

Desapercebida me afastei e me contaminei
Sonhei com braços esquartejados
Coração morto e sangue no chão
Meu destino se traduzia em miséria."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"A/C: Carinho"


"Odeio tentar te escrever e esquecer metade das palavras que podem tentar começar a te desenhar.
Gostaria de não ter que descrever os mais descontentes arranjos do meu medo.
Se hoje, é para saborear o zoológico humano, me apresento como uma pedra, incapaz de sentir. Sinto muito.                                                                                                             
Enlouquecer com as borrachas, apagando os papéis rasurados arquivados no meu sentimentalismo barato.
Aparecer juntamente com o nascer do sol com a maquiagem toda borrada.
Subtrair os pudores transcritos de uma personagem mau humorada qualquer.
E então desenhar repetidamente seu sorriso memorável.
Desmontar os lustres da casa a fim de alcançar alguma luz insensata.
Algo que me leve a acreditar realmente que sinto muito.
Enchendo as paredes do meu quarto com propostas.
Seria possivelmente conquistador se eu me permitisse te contar sobre as minhas dores.
Essas recompensas insistem em sussurrar palavras mal ditas no meu ouvido. E eu já sabia que seria a única que perderia nesse jogo.
Imaginar superar suas expectativas era um erro que eu gostava de cometer. Mesmo sabendo que elas nunca iriam se sobrepor a você.
Como se sentir já não me preenchesse mais. E os espaços ficassem vazios. Ainda existe uma necessidade de possíveis toques dados meus."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mãe, minha flor






Se com o calor que me deu a vida
Eu pudesse tirar toda sua dor com meu sorriso
No jardim aonde escolhemos brincar quando crianças
Se nos dias difíceis pudesse cantar e curar toda a sua tristeza

Se todas as mentiras virassem apenas pesadelos esquecíveis
E que os dias pudessem ser como em carrosséis
Onde os sonhos são todos coloridos e cheios de harmonia
O amor que foi capaz de nos unir em um nascimento

E hoje, de quando nos lembrarmos do passado
Pudéssemos colocar um band-aid em todas as feridas
Ou se apenas com um beijo sarasse toda a dor de um tombo
Como se nossas mãos, com grande diferença, pudesse escurecer a velhice

Se ao tocar no seu rosto, não conseguisse sentir os poderes das rugas e do cansaço
E as falhas de uma adolescente tão arrependida
Como se Deus nos tocasse e fosse capaz de abrir mão de todo o amor
Das canções oferecidas pra eu adormecer e um beijo de boa noite

Dos potes de arco-íris que buscávamos como se o dia nunca acabasse
Ou como as pipas que soltávamos no céu tão azul que cresci
Dos castigos e brincadeiras fantasiosas e imagináveis
Dos gestos puros que em algum canto ficou para trás

Quando pensar que eu não tenho mais medo porque cresci
Se lembre de quando era pequena e tinha medo do escuro
Não é porque crescemos que não temos mais medo da vida
Os medos são intermináveis e mais dolorosos ainda

Não vire as costas pra mim outra vez
Eu posso enfraquecer e achar que esse amor broxou
Nossos sonhos eram tão juntos e únicos
Onde é que eles foram parar?

Minha herança é meu amor e os seus ensinamentos
Se erramos é porque percebemos então
E as chances são inesgotáveis para uma flor
Ela tenta nascer quantas vezes necessárias para enfim viver.

Nossos olhos são você e eu
Como nos jardins encantados pelos contos de fadas
Nossa história é o sagrado poder da vida
Minha flor mais rara

Não se lamente pelo coração partido
Estou aqui te roubando pra mim
Cansei de brincar de esconde-esconde
A vida crescida não tem mais belos sorrisos

Você me ensinou de pouquinho o bem
E o mau eu aprendi sozinha, mesmo que nunca quis
O seu amor me protege e me faz esquecer dos lobos-maus
Minha flor inesquecível. Somos você e eu.

terça-feira, 29 de março de 2011

Meu mal.


Lançada ao mundo perdida e repetindo várias doses
Poderia me redimir e simplesmente me desculpar
Mas pra quem e por qual motivo eu faria isso
As vezes existem palavras que jogadas ao ar se queimam
E as queimaduras prevalecem diante desse rótulo

Consumindo meu medo, minhas diferenças, minhas crises
Tive uma overdose de mim mesma e de todas as situações
Afinal somos apenas molestados pela vida todos os dias
Argumentos já não mais me competem a debater as críticas
Estou fadigada de tantos desleixos e maus tratos

Estou sendo vigiada por um espelho que reflete minha bipolaridade
Seguida de tantas causas e conseqüências que eu descobri
Ao longo da vida, ao longo dos prazeres insaciáveis
Apostei na chama do diabo e me vinculei sobre a diguinidade
Agora eu quero cessar todo esse pesadelo que vinculei como sonho

As escadas estão com tábuas quebradas
Já não posso dar mais um passo e nem saltar
Estou presa e quero gritar, mas ninguém pode me escutar
Então eu dou risada da minha própria fodição
Entrei em detalhes que nem eu posso explicar

Os baldes, as fotos, tudo está jogado no chão
Os cortes estão cada vez mais profundos
Daqui a pouco eu me derreto nesse quarto tão vermelho
A infelicidade ou o excesso da felicidade está me martirizando
Sentimentos bruscos e tão parecidos que se tornam indiferentes.

Me arrasto dia após dia tentando assumir as injustiças
Um olhar me atirando mágoas, lançando dizeres mal ditos
Esqueço meu nome então e me afogo na banheira
É tudo que me compõe e me decompõe 
São apenas laços estreitos dividindo o mesmo varal.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sensações avassaladoras


"Quero ficar aqui, resguardada
Pensando em quanto tempo eu perdi
Amores verdadeiros são breves 
Depois disso, de muito tempo 
Começam a ser chamados de possessividade

Saquiei da minha própria drenagem a solução
Desafiei a mim mesma o tempo que não existe
Renunciei meu amor na funcionalidade da vida
Cuspi no prato onde comi nas noites
Sujei o lençol e depois apenas o lavei

Eu poderia te dizer coisas malucas
E fazer coisas malucas com você
Sussurros no ouvido, vontades
Tudo acabaria na minha boca
Sim é o que mais queria, quero

Desejo carnal, necessidade de ser sua
Necessidade de você ser meu
A cama está me chamando e não quero ir sozinha
Ainda me lembro das noites mal dormidas
Mas as mais prodígias que vivenciei

Detesto admitir mas você foi o meu melhor mal
Quarto escuro, luzes apagadas, gemeções
Era o nosso melhor, não era?
Tranzávamos como bichos selavagens
Éramos o que tinha de melhor

Em uma sequela de acontecimentos nos perdemos
Eu me perdi, você se perdeu
Agora tudo ficou frio e a cama perdeu a graça
Suspiros já não me excitam mais
Sua voz já não cabe mais em mim

São necessidades, apenas necessidades
E se tudo isso é apenas uma posssessividade
Encaro como um amor breve e aposto na cama vazia
Somos dois coelhos procurando um lugar calmo
Somos dois imbecis rindo da vida."

quinta-feira, 3 de março de 2011

Fim.


"Se meus olhos pudessem escrever livros 
A nossa história nunca poderia ser lida
Eles mentiam diante de uma fortuna de sensações
Uma fartura de expectativas, só minhas

Se eu pudesse contar o que meu corpo sentia
Seriam mentiras na base de fatos reais
Uma realidade que só eu possuia
Uma boca que imaginava ser só minha

Os encontros escondidos, as frases ditas
Um caminho que desenhei em um papel rasgado
A trilha de volta ficou perdida pela rua escura
A voz doce já está tão distante

Minha cama está vazia
Meu cheiro empreguinado pelos cantos da "nossa" casa
Meus braços murchos e desconsolados
Aquele amor, o qual eu inventei

O ardor das noites de pura sedução
Ficaram tatuados apenas na minha pele
Não basta morrer de amor 
A alma se desmantela diante de tanto prazer

‎Então finja que me sente nessa outrora do destino
Abuse dos meus desejos nesse trajeto contraditório
Me renuncie sem medo de estar pecando novamente
Me beije como se eu fosse a última donzela da noite

A parede ficou pequena depois de tantos arranhões
Sinta as preliminares desse ritmo tão caloroso
Me segure forte e me lance diante das flores com espinhos
Vamos esquecer que as cobertas existem

Então me encante novamente com a sua beleza, meu amor
Vamos entrelaçar as alças dos pijamas caídos
Repare no lençol bagunçado cheirando a suor
Somos só nós dois numa noite excêntrica

Me use com seu jeito magnífico e tão sedutor
Sobreponha o peso do seu corpo no meu
Siga meu ritmo e eu sigo o seu
Vamos dançar debaixo dessas lágrimas do céu."

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Velhas caixas, baldes antigos



"Acordei sozinha no meio de um sonho tão querido
Olhei ao lado e o travesseiro continuava a ocupar esse lugar
A vontade de que o sonho fosse um simples arder dos meus olhos
Uma fuga constante do que eu preciso para poder me romper de vez

O calor, o toque suave, a boca entrelaçada no meu pescoço
A vives dos fatos e dos medos repetidos naquela parede cheia de escritas
Uma avalanche de sentimentos, uma oscilação de desejos
As vezes prefiro esquecer de que tu existes para não chorar mais

Sentir algo que não sei mais se existe ou se sinto sozinha
O meu foco ficou perdido quando eu entendi o significado de um adeus
Os baldes já estão cheios e não existe mais espaço para lembranças molhadas
Preciso de panos secos para aclamarem meus novos medos

O céu já ficou nublado tantas vezes depois que você se foi
Que já não consigo mais saber quem é a pessoa que eu amo ou amei
O tempo te tirou de mim e fez com que você morresse
Agora, as minhas palavras já estão ficando pequenas

Minha voz já não sai e meus olhos já não se fecham
Estou anestesiada, sentindo sem sentir
Minha casa ficou meio escura, meio clara
Aprendi um lado da vida que jamais poderia ter aprendido contigo

Você me libertou e agora eu não sei mais voar com os pés no chão
Sinto tanto a sua falta, mas não sei se preciso de você tão perto
Minhas músicas estão desenhadas nas trilhas por onde ando
Meu novo perfume me fez sentir a composição dos novos desejos

Aquelas tardes estão guardadas em caixas antigas
E reabrí-las pode ser um bom pretexto para não comprar novas
Estes, que lancei no ar para que virem purpurinas
E que fique no tempo de um amor que vingou."