Páginas

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A ausência me preencheu.


"As tempestades se acomodaram no vizinho do montante
As complexidades se basearam em fatos incertos
Nada do que me desfoquei apareceu repetitivo
Não bastava disfarçar a solidão em um balde transbordando

O sonho acabava no momento em que foi parar nas ondas do mar
Fiquei pensando nos momentos, e me esqueci de que não sabia nadar
Rastejei pelas ruas a procura do que não existia mais
Me mantive asfixiada dentro de um pote vazio

O deserto dos sentidos me machucam e me intensificam
Aquele espaço simplesmente desapareceu, se perdeu do vendaval
Esse terremoto que me acalma e me tranquiliza
Eu sei o que pode ser mais arriscado durante este instante

Viver para simplesmente obter um desejo
Ou apenas se esquecer das coisas que mais desejamos
Fatos e situações que se conciliam durante uma noite calma
Aquela sensação de ausência que abstrai qualquer ser humano

A vontade de mais e mais, a vontade de nunca mais
O que tem feito? O que está pensando? Ei, você...
Eu não quero mais saber o que você pensa quando está só
A sala já ficou preenchida com a sua ausência

Meu corpo está em fase de mutação
Aquela sua parte que foi arrancada, hoje está caleijada
Aquele sonho estranho, aquele beijo amargo meio doce
Nada do que eu consiga me lembrar dos cheiros e gostos

Tudo que nos magoa se apagam com a intensidade do destino
Os caminhos que são descobertos não permitem nem mais uma figuração sua
Quero cortar aquela parte que ainda me faz lembrar
Me lembrar daquela pessoa que eu jamais queria que existisse

As árvores que balançam levando as lembranças
O coração que aperta e se despedaça
Daí me lembro de que a vida é um mosaíco
As minhas peças estão perdidas no chão do castelo

O conto de fadas que perambulou, hoje desmoronou
Aquelas frases já não soam com tanta beleza
Agoniam meu sentimentalismo, as minhas obceções
Acordo e me permito saltar de um buraco fechado

O gosto do calor na minha boca
A sensação de ser única e amada
Nada que me faça querer reviver
Hoje eu sei que você não é mais capaz.

A sua ausência me preencheu de uma forma admirável
O que era amor se transformou em ódio e depois em nada
Não me importa mais em que você acreditou
Eu não tenho culpa de suas palavras eram de um garotinho

A idealização de um amor nada concreto, um fogo, uma paixão
Nada mais poderia ter sido alcançado mediante situação
A cumplicidade foi apagada diante do desespero absoluto
As margens estão limpas e transbordando calor novo

A minha felicidade não depende mais da sua
Hoje eu vivo com o egoísmo entalado na alma
Eu preciso me manter nesse personagem
Minha alma está coberta de figurantes."