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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O velho tempo do relógio...

"São tantos gostos misturados na minha boca
E eu já perdi todas as linhas de trem de hoje
Estou me mantendo nesse ritmo, sem exatidão
Me fechando, me permitindo ser intocável
Oscilando as resenhas desenhadas na minha janela

Hoje o sol brilhou de uma maneira diferente
O mesmo que me preenchia de ternura
Me definia com severos descontentamentos
Fechei os olhos e voei para bem longe daqui
De repente os baldes estavam virados no chão

Toda a água havia secado e já existiam mais motivos
Tudo tinha se esgotado e minha garganta tão calma
Um rosto sereno e interpretado com amarguras
Uma rocha havia se lapidado diante de mim
Minhas mãos já estavam frias

O adeus tinha sido sempre doloroso
Mas então eu estava completa por reticências
Alguns amores não podem nunca serem escritos
As paginas em branco refletem no espelho
Uma sensação de conflitos e transparências

Então mais uma vez conversei com Deus
E permiti que você fosse embora
Escondida, solucei com medo, escorregando
Tentando segurar sua mão
Eu te deixei livre para eu poder ser feliz.

Mesmo que eu fracasse, já era perigoso
Não podia lhe oferecer mais do que amor
Seu jeito angelical me fazia sentir incapaz
Talvez eu só seja um pouco mais do que o seu oposto
A felicidade ainda me procura em algum lugar

Te deixo livre para conhecer o seu mundo
Para desconcertar o meu mundo
Não tenho mais medo, superei
Te deixo livre para que sinta minha falta
E que na sua velhice se lembre de mim com carinho."

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Baseada na sua história de amor mal contada...



"Sabendo que experiências em varais são desapercebidas
Me rastejo sobre minhas próprias ambições desfechadas
Não aparento dor, não aparento sinais de destruição
Estou me recompondo do meu próprio eu reforçado
Detestando todos os tipos de gente que ainda posso suportar

Estou gostando mais de mim antes dos outros
Suportando a dor de uma metamorfose enlouquecida
Farejando rastros de gente podre na multidão
Me desigualando da normalidade combatida em faróis
Muitas luzes estão desgastadas e envelhecidas

Como se não bastasse a minha própria podridão
Ainda ter de aturar o mal cheiro dos outros
Não brinco com olhares secos e tão firmes
Não estou me escondendo de mim mesma
Nunca entrei em um jogo para perder

As roupas estão rasgadas e as folhas secas
As vitrines estão cheias de carne estragada
Os insetos estão comendo os restos do seu corpo
Não chore mais por uma alma mal intencionada
Eu amo simplesmente por poder amar

Se não pretende me tocar, então não me toque
Não sorria para mim com ar de ironia
A vida é realmente um obstáculo dos leigos
Aqui se promete, aqui se cumpre, sem piedade
Então não queira me comer, pois estou viva.

Agora não se lamente mais pelo passado
As oportunidades foram lançadas na mesa
As facas já estão sendo usadas
E a mesmice me cansou de uma maneira transformadora
Hoje eu sou tudo o que você não quer que eu seja

Não chore meu querido, seria em vão
Minhas lagrimas de secaram e eu decidi lavar as roupas sujas
Os insetos estão bem longe de mim
Os cheiros estão unificados e tão perceptíveis
Seus olhos não me enchem mais de vanglorias

Se despeça nessa manha do que nunca soube dar
Se antes sentia, agora eu não sinto mais
Meus pesadelos passaram e eles se tornaram seus
Pois é meu bem, quem disse que o mundo é justo?
Eu faço a minha própria justiça."
                                  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A ti...


"As vezes algumas palavras doem mais
As vezes os gestos se perdem com o tempo
As vezes nos esquecemos de esquecer o que nos machuca
As vezes choramos em silêncio com a ansiedade de uma resposta

Precisamos do tempo para aprender a renunciar
Precisamos de vitórias que se manifestem diante de nós
Precisamos nos esquecer de qualquer dor que esteja perdida
Precisamos de coragem para enfrentar todos os nossos medos

Adquirimos todos os tipos de sabedoria, mas nunca é essencial
O Definitivo de alguma maneira toca o nosso coração
A exatidão preenche um imenso espaço vazio
E as minhas forças se estendem diante dos meus passos

Hoje me sinto demasiadamente sozinha, sem conquistas
Pudera eu arrancar todas as más recordações do meu coração
Seria mais vítima de mim mesma
Sinto muito sentir

Me enche de alguma maneira com uma luz incandescente
Sem palavras remoídas
Sem destino complicado
Petrifico no meu reino, então eu me entrego a ti."

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Despedida




"Eu te segui em meio de um espartilho gigante
Soltei aos ares e me referi como terapeuta
Você desceu e me beijou por inteira
Arrombou meu coração dizendo que era o fim

Assustada e indecentemente ferida
Larguei os vasos neutros e me desfiz
Pequei na capela aonde revivi
Com personagens e luzes incandescentes

Me fiz assim, nova,  absoluta, autista
Precisava respirar o novo sentido da palavra
Se era o medo que me preenchia
Então busquei respostas no lixo do meu enterro

Saltitei pensante sobre as histórias do naufrágio
Relutei e desenhei minha mão nos seus olhos
Era escuro, vermelho e preto
Era apenas eu me sentindo sua

Fechei meus cílios e soei
Te queria em algum formoso teto estrelado
De repente me vi enfraquecida e esquecida
Cheia de esperanças mutiladas

Então reergui e me reinventei
Era uma nova personagem fugindo de qualquer uma que já fui
Era santa, guerreira e apaixonada
Era qualquer coisa menos eu

As vezes me sentia perdida diante de fuzilamentos
Guerras e bombas estourando no meu ouvido
Era traduzido como um paradeiro obcecado
Os seus rastros eram indiferentes

Desapercebida me afastei e me contaminei
Sonhei com braços esquartejados
Coração morto e sangue no chão
Meu destino se traduzia em miséria."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"A/C: Carinho"


"Odeio tentar te escrever e esquecer metade das palavras que podem tentar começar a te desenhar.
Gostaria de não ter que descrever os mais descontentes arranjos do meu medo.
Se hoje, é para saborear o zoológico humano, me apresento como uma pedra, incapaz de sentir. Sinto muito.                                                                                                             
Enlouquecer com as borrachas, apagando os papéis rasurados arquivados no meu sentimentalismo barato.
Aparecer juntamente com o nascer do sol com a maquiagem toda borrada.
Subtrair os pudores transcritos de uma personagem mau humorada qualquer.
E então desenhar repetidamente seu sorriso memorável.
Desmontar os lustres da casa a fim de alcançar alguma luz insensata.
Algo que me leve a acreditar realmente que sinto muito.
Enchendo as paredes do meu quarto com propostas.
Seria possivelmente conquistador se eu me permitisse te contar sobre as minhas dores.
Essas recompensas insistem em sussurrar palavras mal ditas no meu ouvido. E eu já sabia que seria a única que perderia nesse jogo.
Imaginar superar suas expectativas era um erro que eu gostava de cometer. Mesmo sabendo que elas nunca iriam se sobrepor a você.
Como se sentir já não me preenchesse mais. E os espaços ficassem vazios. Ainda existe uma necessidade de possíveis toques dados meus."