Páginas

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Velhas caixas, baldes antigos



"Acordei sozinha no meio de um sonho tão querido
Olhei ao lado e o travesseiro continuava a ocupar esse lugar
A vontade de que o sonho fosse um simples arder dos meus olhos
Uma fuga constante do que eu preciso para poder me romper de vez

O calor, o toque suave, a boca entrelaçada no meu pescoço
A vives dos fatos e dos medos repetidos naquela parede cheia de escritas
Uma avalanche de sentimentos, uma oscilação de desejos
As vezes prefiro esquecer de que tu existes para não chorar mais

Sentir algo que não sei mais se existe ou se sinto sozinha
O meu foco ficou perdido quando eu entendi o significado de um adeus
Os baldes já estão cheios e não existe mais espaço para lembranças molhadas
Preciso de panos secos para aclamarem meus novos medos

O céu já ficou nublado tantas vezes depois que você se foi
Que já não consigo mais saber quem é a pessoa que eu amo ou amei
O tempo te tirou de mim e fez com que você morresse
Agora, as minhas palavras já estão ficando pequenas

Minha voz já não sai e meus olhos já não se fecham
Estou anestesiada, sentindo sem sentir
Minha casa ficou meio escura, meio clara
Aprendi um lado da vida que jamais poderia ter aprendido contigo

Você me libertou e agora eu não sei mais voar com os pés no chão
Sinto tanto a sua falta, mas não sei se preciso de você tão perto
Minhas músicas estão desenhadas nas trilhas por onde ando
Meu novo perfume me fez sentir a composição dos novos desejos

Aquelas tardes estão guardadas em caixas antigas
E reabrí-las pode ser um bom pretexto para não comprar novas
Estes, que lancei no ar para que virem purpurinas
E que fique no tempo de um amor que vingou."

Nenhum comentário:

Postar um comentário