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terça-feira, 13 de julho de 2010

Nós.

"Sim, foi naquela entediante noite
Depois de tantos anos desaparecidos
Você se deitou sobre mim novamente
Com aquele velho sorriso desagradável

Por mais que eu tentasse resistir
Não faria sentido algum
Sua face era meu último desejo concebido
Então você estava ali, na minha frente, sozinho

Não podia resistir, não podia evitar
Seu suspiro entrou no meu coração
Este que veio a soluçar de desespero
O que fazer, o que dizer, o que ressucitar

Como posso sentir saudades
Daquilo que nunca foi revivido
Sonhos, consolos, capacidades
Uma vez foi o suficiente, uma única vez

Não me recordo do seu gosto
O que não foi, se tornou tão real
Que amanheci com seu egoísmo, sozinha
Sobre o que não consegui compreender

Preferia dormir todas as noites sozinha
Do que ter de reviver o que nunca revivi
Me comparece, então, uma saudade inexistente
Seu jeito obscuro se refelte em claridades sobre mim

Como posso conviver com a ansiedade no meu peito
Sendo que o que mais me seduz é o nosso passado
Que está morto e apagado
Então não quero mais ressucitá-lo

Não me sufoque esta noite
Quero dormir sozinha dentro de mim
Meus sonhos são tão pessoais
Não é justo uma invasão incapaz de voltar a me amar

Fiquei cega diante deste desturbio que me incomoda
Relutei por um espaço meu, apenas meu
Tudo está ficando embaraçoso novamente
Quero rejeitar seu cheiro no meu corpo

Essa sua cara de bobo não me engana
Eu sei que o que vivemos foi tão nosso
Que seria impossível de as montanhas
Esconder esse sol que nos aquece

Obrigada por nossas almas continuarem se encontrando
De alguma forma nosso lençóis continuam sendo roubados
Durante as noites que esquecemos do mundo real
Nosso palácio está ficando quase pronto

Me abasteci de palavras sinceras
Não posso mais misturar as nossas bebidas
Os ventos estão nos levando para a eternidade
Onde tal situação em algum dia foi prometido e não cumprido."



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